segunda-feira, 23 de maio de 2011

Por que as mulheres se endividam tanto?

Endividamento feminino supera o masculino pela 1ª vez e acende alerta de que as mulheres precisam investir em educação financeira Canta o ditado que dinheiro não atura desaforo. Que o digam as mulheres, que estão aumentando seu acesso ao crédito, e consequentemente, às dívidas. Segundo uma pesquisa recente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), pela primeira vez, as mulheres estão mais endividadas do que os homens. Das ocorrências no Serviço de Proteção ao Crédito, 52% referem-se a mulheres, contra 48% dos homens. A inadimplência é maior nas compras de roupas e calçados, um dos setores onde as mulheres mais gostam de gastar.
“É um bom sinal”, acredita o educador financeiro Reinaldo Domingos, presidente do Instituto DSOP de Educação Financeira. “Quer dizer que há mais dinheiro nas mãos das mulheres. O endividamento maior é natural, já que as mulheres estão assumindo sua fatia do bolo no mercado.” A maioria delas está na faixa dos 40 anos, que migraram das classes D e E , e não receberam educação financeira.
Pequenos gastos, grandes rombos
A escritora Eliana Bussinger, que assina os livros “As leis do dinheiro para as mulheres” e “A dieta do Bolso”, concorda que as mulheres ainda não têm as rédeas das próprias finanças, mas acredita que existe um descompasso histórico mais profundo que precisa ser superado. “O homem vê dinheiro como poder, a mulher como segurança.” Isso implica em tratar o dinheiro como algo da família, que serve para pagar contas, garantir uma casa e escola para os filhos – e não inclui cuidar de si e do próprio futuro. “Fora do eixo Rio-São Paulo, ainda é muito comum as mulheres entrarem no casamento com essas ideias e muitas dificuldades adicionais, como conseguir uma geração de renda.”
Para ela, a renda menor, somada a uma responsabilidade crescente nas despesas do lar, é decisiva no endividamento. São os pequenos gastos, ligados principalmente aos cuidados com a casa e com os filhos, que comprometem o orçamento feminino. “Homem consome com ele e com coisas grandes, como tevê e carro. A mulher vai ao supermercado, compra roupa, chupeta, comida, detergente em pó”.
Domingos, do Dsop, ressalta que o problema não são as dívidas como imóvel próprio e carro. “São os valores pequenos que escapam pelos vãos dos dedos que levam à inadimplência e comprometem o orçamento”, afirma.
Para sair do vermelho, é fundamental que a mulher faça um bom diagnóstico colocando cada centavo gasto no papel e envolvendo a família nas mudanças necessárias.
De quebra, há os hormônios. Eliana acredita também que as mulheres estejam mais vulneráveis ao marketing por serem mais sensíveis aos apelos dos filhos, pais e amigos. “A produção de hormônios, como a oxitocina, leva você a dar um cheque em branco a um filho precisando”, afirma a escritora. Por outro lado, mulheres tendem a assumir e discutir seus problemas com mais facilidade. “Além disso, ela aceita ajuda de pai, mãe ou filho, que emprestem o dinheiro sem juros”, afirma Eliana. “O homem raramente vai usar essa opção.”
Para sair do buraco
O especialista Reinaldo Domingos acredita, contudo, que características como o olho feminino para detalhes podem ser eficientes para sair logo do endividamento. “O que falta é uma metodologia para estabelecer prioridades e fazer diagnósticos periódicos.”, afirma. Outra dica do educador é manter sonhos de curto, médio e longo prazo, como viagens, uma festa de 15 anos para a filha, a compra do imóvel próprio, dentro de um planejamento em que a verba para essa meta seja prevista e não entre em conflito com relação de renda e despesas da família. “Para lidar com a dívida, o legal não é sair pagando credor no primeiro momento e sim fazer um acordo que caiba no seu bolso”, diz Domingos.Para um planejamento financeiro que realmente funcione e garanta que a mulher chegue à velhice com segurança e conforto, a psicóloga Andrea Villas-Boas, autora do livro “Valor Feminino”, acredita que é preciso focar em pontos positivos femininos, como a determinação e a resistência nos planos. “Por isso ela se dá bem em investimentos de longo prazo, como planos de previdência”, exemplifica. “A mulher tem facilidade de ser multitarefa e consegue tocar carreira, casa e finanças ao mesmo tempo”.
Aprender a lidar com finanças é o próximo desafio, de acordo com a psicóloga. “A mulher consegue fazer economia no dinheiro que está na mão dela, mas não investe com ousadia”, afirma. “Minha orientação técnica é que você tem que se pagar antes de qualquer coisa. Não aplicar o que sobra no fim do mês, mas aplicar antes de gastar o dinheiro”, diz a psicóloga. Isso implica assumir as próprias finanças e se priorizar, antes mesmo de filhos e família. São passos para transformar a segurança financeira em conforto, e ter margem para realizar sonhos. Em paz, finalmente, com o porquinho.

Fonte: CDL - Caetité

terça-feira, 3 de maio de 2011

De volta com mais força!

Queridos leitores,

Resolvi neste primeiro post, que representa minha retomada aos textos no BLOG, explicar a vocês, a quem tenho muito respeito, o por que de minha "ausência" prolongada (já que muitos dos seguidores eu não conheço pessoalmente).

Há 8 meses atrás, no dia seguinte do lançamento do meu livro Valor Feminino, fiz uma biópsia e 4 dias depois fui diagnosticada com câncer de mama. Minha vida virou de cabeça para baixo. Fui operada, fiz quimioterapia, perdi os cabelos (que já estão crescendo agora!), fiz radioterapia e hoje recebi o resultado do 1o. ciclo de acompanhamento da doença. Graças a Deus, não tive metástase, estou muito bem e posso voltar a ter as rédeas de minha vida!

Estou MUITO FELIZ por isso!

Agora é bola para frente! Inclusive já estou trabalhando no projeto do meu 2o. livro! Aguardem!

Obrigada a todos os amigos que sabiam e torceram muito por mim durante este tempo todo!

Beijos carinhosos,

Andrea

Mulheres: tomem as rédeas de seu futuro financeiro!

A expectativa de vida do brasileiro cresce a cada ano. Segundo o IBGE, as mulheres vivem a mais que os homens sete anos, sete meses e seis dias. Por esse motivo, há uma grande chance de a mulher, em algum momento ao longo da vida, ao ficar sozinha, ter que assumir as rédeas de suas finanças – querendo ou não.

Dados recentes da condição econômica das brasileiras mostram uma realidade chocante:

- 67% dos idosos que vivem sozinhos são mulheres

- 40% das mulheres são sozinhas; e se elas têm a partir de 12 anos de estudo, esse índice aumenta para 50%

- Na mesma função que os homens, as mulheres recebem salários em média 27% menores

- Por ganharem menos, por se afastarem do trabalho por algum tempo após a maternidade, e cuidarem de pais idosos na maturidade, as aposentadorias femininas também são inferiores

- Três em cada quatro idosos pobres são mulheres

- 90% das mulheres são responsáveis pelas próprias finanças em algum momento da vida

- Sete em cada dez brasileiras enfrentarão a pobreza em algum momento.

Quando penso nesses dados, tenho a certeza de que, assim como as mulheres assumiram as rédeas de suas carreiras nos últimos anos, a próxima presa a ser laçada será o planejamento financeiro pessoal e, se for o caso, também familiar. Apesar de aos poucos isso já começar a acontecer, ainda estamos engatinhando nessa frente.

Juntando as informações sobre o aumento da expectativa de vida e as regras atuais da aposentadoria, a conta futura da Previdência Social não fecha. Isso porque será cada vez maior o número de aposentados e, proporcionalmente, cada vez menos pessoas contribuindo. Essa realidade demonstra que a responsabilidade sobre o futuro financeiro será de cada um! Cabe a mulher pensar sobre como quer viver na terceira idade e com que qualidade de vida.

Para termos uma vida digna, com uma boa moradia, cuidados com a saúde e possibilidade de algum lazer, é preciso planejamento. Esse aspecto, infelizmente, não é algo comum em nossa cultura. Precisamos nos dar conta de que, quanto mais jovens começarmos a acumular dinheiro, melhor e mais fácil será, pois menos precisaremos poupar por mês.

As mulheres mais jovens parecem que já se deram conta e começaram a cuidar de seu futuro financeiro, como nos mostra a pesquisa realizada pela Brasilprev. O levantamento diz que quase metade (44%) das clientes de planos de previdência privada do sexo feminino tem até 30 anos, ao mesmo tempo em que 45,2% das portadoras de previdência são solteiras. Podemos inferir que estamos falando do mesmo público. O que será que está acontecendo com as mulheres? Será que desistiram de arrumar alguém para cuidar de seu futuro? Ou elas estão efetivamente mais preocupadas com sua independência financeira?

As mulheres acima de 50 anos, porém, ainda precisam tomar consciência e iniciar seu projeto para que tenham uma aposentadoria feliz. Acredito que existe um forte ingrediente cultural nisso, pois as mulheres dessa geração certamente foram criadas para cuidar dos outros antes de pensar em si. Aliás, parece ser algo muito egoísta a mulher pensar em si em primeiro lugar, não acha? Mas não deveria ser assim. Gosto de usar para ilustrar o que penso a respeito disso a orientação que os comissários de bordo dão no início dos voos. Ou seja, você deve primeiro colocar a sua máscara e depois ajudar a pessoa ao seu lado.

A mulher ao cuidar primeiro dos filhos, do marido ou dos parentes, acaba gerando uma situação em que, pode até parecer boa no curto prazo, mas se torna um problema no longo prazo. Agradar os outros hoje poderá gerar sua dependência financeira amanhã. O raciocínio deveria ser o inverso: se a mulher quer o bem dos outros, deveria primeiramente cuidar de si, para não depender dos outros no futuro.

Como podemos mudar esta realidade? Acredito que por meio da educação financeira. Na medida em que as mulheres entenderem mais sobre finanças pessoais, certamente se sentirão mais seguras quanto aos seus investimentos e também melhor poderão preparar as próximas gerações, afinal a responsabilidade da mulher na educação dos filhos é inegável.

As mulheres têm total condição de virar mais este jogo! Os melhores atributos femininos para alcançar o sucesso nessa área são a disciplina, a persistência e a determinação. O primeiro passo é tomar a decisão: quero cuidar do meu futuro! Decisão tomada, agora é uma questão de atitude. E atitude é o que não falta nas mulheres do século XXI.

Andréa Villas Boas é psicóloga, consultora de Recursos Humanos e autora do livro “Valor Feminino – Desperte a riqueza que há em você”

E-mail: andrea@valorfeminino.com.br

Fonte: Jornal Valor Econômico, 01.07.2010

7 erros que os pais cometem em relação aos filhos

Mimos e caprichos pesam nas finanças familiares e não ensinam crianças a planejar, poupar e esperar

A educação financeira para crianças e adolescentes nunca esteve tão em alta. Especialistas concordam que jovens bem orientados tornam-se adultos bem sucedidos financeiramente. Mas muitos pais ainda não sabem muito bem como lidar com o assunto dentro de casa e, pior, deixam a inexperiência e a emoção levá-los a cometer sérios erros na orientação dos filhos quanto ao dinheiro. Conheça alguns deles:

1) Deixar de poupar para a própria aposentadoria para que os filhos tenham tudo.

É comum que os pais, principalmente as mães, deixem de se preocupar consigo mesmos em prol dos filhos. Na tentativa de dar aos pequenos o que não tiveram na juventude, muitas mulheres deixam de poupar para a própria aposentadoria. Pior: formam reservas polpudas para a prole, chegando à velhice sem outros meios além da previdência social. Elas vivem mais que os homens, passam o fim da vida sozinhas, mas têm dificuldades de se sustentar e pôr em prática projetos pessoais.

Pensar nas próprias finanças é sim uma maneira de pensar nos filhos. Pais pobres na velhice podem se tornar fardos para os filhos bem-sucedidos que criaram. “É como as máscaras que caem do teto quando ocorre despressurização na cabine do avião. Primeiro o adulto coloca a dele e só depois ajuda a criança a colocar a dela. Primeiro a previdência dos pais, depois a dos filhos”, ensina a educadora financeira Cássia d’Aquino.

Melhor do que encher os filhos de presentes, viagens e atividades extracurriculares é formar um fundo de emergência facilmente acessível caso algo aconteça aos pais. “Quando se tem um filho, é preciso considerar: o que vai acontecer a essa criança se eu morrer? É duro pensar nisso, mas é importante”, diz a educadora.

Ela aconselha os adultos a designarem como tutor uma pessoa de extrema confiança e formar uma poupança para garantir o sustento da criança num primeiro momento. O ideal é que essa reserva não entre em inventário – um fundo de previdência VGBL (que funciona como se fosse um seguro), um seguro de vida ou mesmo uma conta poupança conjunta com o tutor. Caso – felizmente – nenhum mal aconteça, quando o filho fizer 18 anos, esse dinheiro poderá ser usado para outro fim, sem problemas.

2) Promover momentos especiais para crianças jovens demais para se lembrar deles.

É preciso admitir. Dar uma baita festa de aniversário para um bebê de um ano não vai impactar em absoluto seu desenvolvimento ou suas boas lembranças. Aliás, dali a alguns anos, a criança sequer vai se lembrar do evento. Se a festa for uma forma de agradecer à ajuda e à paciência de parentes e amigos, avalie a necessidade de se gastar rios de dinheiro no evento. Se for a oportunidade que os pais esperavam para exibir a criança, pense um pouco mais detidamente se é isso mesmo que deve ser feito.

O mesmo vale para as férias elaboradas. Crianças pequenas dificilmente vão se lembrar da viagem maravilhosa à Disney, então a menos que este seja o sonho pessoal dos pais, o ideal é adiar um pouco esses planos. Não gaste dinheiro e energias em atividades das quais as crianças não vão se lembrar. Investir em carinho e momentos simples em família, nos primeiros anos, não só é mais barato como vai torná-las muito mais felizes.

3) Ceder aos caprichos dos filhos, dando-lhes tudo o que pedem.

“É natural que as crianças queiram todos os brinquedos e pacotes de biscoito que veem pela frente. É do ser humano querer tudo. O que não é natural é que os pais cedam”, diz a especialista em educação financeira Cássia d’Aquino. Para muitos pais pode ser difícil dizer não, especialmente para aqueles que desejam “dar aos filhos o que não tiveram”, ou compensar algum sentimento de culpa. Mas uma educação financeira de sucesso passa por ensinar às crianças a se planejar para comprar o que desejam e saber esperar.

Cássia d’Aquino dá algumas dicas. Por exemplo, numa ida ao supermercado, é de bom tom fazer sempre uma lista, não só para mostrar aos filhos que a família planeja os seus gastos, como também para incluí-los nesse planejamento. As crianças podem ser convidadas a ajudar na elaboração, sugerindo apenas um item de sua escolha. Se, chegando ao mercado, elas pedirem produtos que não estão na lista, cabe aos pais serem firmes e dizerem não, se mantendo fiéis ao planejado.

Presentes fora de hora também devem ser evitados. A maioria das crianças pedirá todos os brinquedos que veem anunciados na televisão, mas os pais não devem ceder. Para Cássia, o ideal é encorajar os filhos a pedirem o brinquedo no aniversário ou Natal. “Os pais têm que ensinar os filhos a suportarem esperas. As crianças gostam da expectativa, da espera, de contar os dias para o grande dia. É bom estabelecer e cumprir datas para presenteá-las, senão o presente se banaliza”, orienta a educadora.

Para a psicóloga Andréa Villas-Boas, autora do livro “Valor Feminino”, sobre finanças para mulheres, dar aos filhos tudo o que eles pedem é uma forma de torná-los indiferentes ao valor do dinheiro, além de tirar deles o prazer de batalhar e esperar por algo que se deseja muito. “É preciso orientar a criança, dizendo ‘isso está caro’, ‘isso está barato’, ‘você já tem um brinquedo igual a esse’, para ela começar a ter noção”, diz a especialista.

4) Presentear os filhos por culpa.

É preciso também resistir à tentação de presentear os filhos como forma de compensar pela ausência ou pelas longas horas dedicadas ao trabalho. Principalmente se os pequenos não tiverem pedido nada. “As crianças ficam desagradadas. Com o tempo a coisa está tão banalizada que elas nem agradecem mais quando ganham algo”, explica Cássia d’Aquino. Mais do que brinquedos, as crianças querem um pouco de tempo ao lado dos pais, em atividades que não necessariamente envolvam consumo.

5) Comprar tudo novo de novo

Crianças crescem rápido. Roupas e brinquedos se tornam rapidamente obsoletos, mantendo-se praticamente novos. Por que não reaproveitá-los? Nos Estados Unidos já existem até sites onde os pais conseguem trocar as roupas de seus filhos por outras de tamanhos maiores, como o ThredUP.

A iniciativa ainda não chegou ao Brasil, mas não custa tentar fazer o mesmo com irmãos, primos e amigos que também já sejam pais e mães. Famílias que planejam ter mais de um filho podem guardar os pertences do primogênito para serem reaproveitados pelos próximos. Resistir ao impulso afetivo de comprar tudo novo para o próximo filho pode render uma boa economia e, certamente não causará traumas.

6) Encher os filhos de atividades extracurriculares.

Essa é uma faca de dois gumes. Não há dúvidas de que é saudável que crianças tenham atividades extras e hobbies. Mas extrapolar a dose na tentativa de criar “um vencedor” pode fazer o tiro sair pela culatra, além de ser um tremendo desperdício de tempo e dinheiro.

Não é que os pais não possam colocar a filha de três anos no ballet ou o filho de sete no curso de inglês. Mas para que a atividade não seja um sacrifício para a criança e realmente contribua para torná-la uma pessoa melhor, convém se perguntar os motivos dessa decisão.

Será preciso começar a estudar inglês com sete anos? O ballet foi escolhido porque é lúdico, desenvolve a coordenação motora e evita o sedentarismo, ou o desejo dos pais é que a menina se torne a primeira bailarina do Teatro Municipal? A aula de violino foi escolhida pelo que pode acrescentar à criança, por seus próprios desejos ou talentos, ou porque sempre foi o sonho do pai aprender a tocar o instrumento?

Para os especialistas, os pais não devem embarcar na histeria do “quanto mais cedo começar, melhor”. Se estiverem em dúvida, devem esperar um pouco mais antes de matricular o filho. Talvez mais um ano, para amadurecer a ideia. Afinal, de nada adianta começar cedo para se cansar e desistir logo. Se a criança for jovem demais, terá dificuldade até de desenvolver o gosto pela coisa.

Mas o mais importante é não transferir para os filhos os próprios desejos: o sonho de infância ou a projeção da profissão que gostariam que eles seguissem. “Ter filho é projetar, para o bem e para o mal. É normal que os pais queiram que os filhos conquistem mais do que eles próprios conquistaram, mas nada lhes dá o direito de transferir para eles os seus recalques”, diz Cássia d’Aquino.

“Os pais devem perceber as necessidades e os talentos da criança. Não é preciso esperar que ela peça para começar uma atividade, mas sim identificar e sugerir atividades que tenham a ver com ela ou que sejam necessárias à formação acadêmica e à saúde. Trata-se de perceber os sinais que os filhos emitem e oferecer mecanismos para que eles testem seus talentos”, aconselha a educadora.

Cássia explica ainda que ter tempo livre para brincar também é fundamental para o desenvolvimento da criança. “Nas brincadeiras, a criança elabora, desenvolve a criatividade, tem acesso a suas dificuldades. Se ela for privada disso, acaba perdendo sua capacidade de saber o que quer e o que não quer, porque são sempre os pais que apontam o caminho”, esclarece.

7) Distorcer os objetivos da mesada.

Mesadas e semanadas são instrumentos para ensinar crianças e adolescentes a poupar, planejar seus gastos e gerir o próprio dinheiro. Mas há pais que distorcem seu objetivo, transformando-a em moeda de troca, de chantagem ou mesmo em uma forma de acirrar o controle aos filhos.

Muitos especialistas em educação financeira discordam, por exemplo, do uso da mesada para remunerar quem consegue boas notas, cumpre as tarefas domésticas ou vai visitar os avós, cortando-a, por outro lado, quando querem castigá-los. “Esse é um erro crasso. Fazer as tarefas de casa e ir bem na escola são obrigações das crianças. Ao remunerá-las, os pais estarão formando um pequeno canalha, que só vai fazer as coisas se for por dinheiro. Ou pior: no limite, será capaz de qualquer coisa para ganhar dinheiro”, alerta Cássia d’Aquino.

Outro erro, segundo as especialistas é querer controlar excessivamente os gastos dos filhos, chegando até mesmo a impedi-los de gastar o dinheiro da mesada. “Isso não é mesada. Os pais devem ajudar os filhos a fixar objetivos de poupança e prazos, para ensiná-los a lidar com o dinheiro, mas não congelar a mesada”, diz Cássia. “Pode-se ensinar o que é pertinente ao filho comprar na sua idade”, acrescenta Andréa Villas-Boas.

Chegada a época da faculdade, por mais que seja difícil para os pais, é preciso admitir que os filhos já estão adultos. Portanto, é hora de começar a planejar a gradativa redução da mesada até sua extinção. “A ideia é que o jovem se emancipe financeiramente. Ele deve ser incentivado a estagiar, trabalhar e a pagar as próprias contas. Assim que o jovem começa a receber um salário, é bom que ele contribua com alguma despesa da casa, mesmo que simbolicamente”, afirma Cássia d’Aquino.

Fonte: Exame.com

Publicado em 20/04 por Julia Wiltgen