Matéria do dia 08/08 no Portal IG:
Autora explica como mulheres podem garantir uma velhice financeiramente tranquila
Carina Martins, iG São Paulo | 08/08/2010
Cuidar sempre dos outros antes de si mesma é uma milenar característica social feminina. Fuçar os cadernos de economia do jornal, não. Esses dois traços, entre tantos, contribuem para que as mulheres enfrentem problemas financeiros específicos, como a miséria na velhice – 75% dos idosos pobres são do sexo feminino. É o que afirma Andréa Villas Boas, consultora e autora do livro “Valor Feminino”. A partir da identificação de comportamentos tipicamente femininos, ela propõe caminhos para que a mulher melhore sua relação com o dinheiro e, principalmente, garanta um futuro tranquilo.
“As estatísticas da mulher na velhice e na aposentadoria são lamentáveis. Três em quatro idosos pobres são mulheres, assim como 67% dos idosos sozinhos. Além disso, 90% das mulheres terão que cuidar de suas finanças sozinhas em algum momento da vida”, diz a autora. Por isso, se manter sempre descoberta financeiramente em prol dos outros e se apoiar nesses mesmos terceiros para organizar suas finanças pode acabar sendo um tiro no pé. “As mulheres têm essa tendência de cuidar dos outros, o que faz com que ela seja dependente no futuro. Eu lembro sempre daquela orientação das aeromoças: a gente primeiro tem que colocar nossa máscara de oxigênio para depois ajudar o outro. Se ela começar hoje, independentemente da idade, a cuidar dela, guardar para a aposentadoria dela, também está ajudando a família”, diz.
Para que isso aconteça, “tem que acordar para a realidade e começar a aprender”. Na opinião de Andréa, isso passa principalmente na visão que a mulher tem da sua própria capacidade de lidar com o dinheiro. “A crença é uma profecia autorrealizável. Se eu me acho capaz, isso vai me ajudar a abraçar a causa”.
Um dos indícios de que as mulheres evitam um envolvimento maior com o assunto, de acordo com a autora, é o dado de que a principal fonte de informação sobre investimentos masculina é a imprensa especializada; no caso das mulheres, é o gerente do banco. “Por não gostar, ou não se achar competente, ela busca alguém próximo para delegar. Mas ele só pode ser uma das fontes, porque trabalha para uma instituição que tem que prestar contas e tem metas específicas”.
Na prática é muito comum que mesmo quem decide se envolver mais com a própria vida financeira de cara empaque com uma realidade: se não sobra nada no fim do mês, o que eu vou investir? “Quando a pessoa fala que não sobra nada, eu pergunto se ela sabe exatamente quanto ela gasta em tudo no mês: todos os cafezinhos, todas as gorjetas, tudo. Se fizer uma planilha completa com tudo isso por três meses, todo mundo fica besta de como joga dinheiro fora. R$100 faz diferença? Sim, faz diferença”
Com os gastos identificados, a autora propõe uma sequência de passos: primeiro estancar as dívidas, depois poupar e, em seguida, investir. “Tenha metas do que você quer fazer na sua vida: trocar de carro, pagar uma faculdade para o filho, viajar, se aposentar. Para cada meta, há um tipo de investimento diferente. A de longo prazo não é para mexer, mas o cumprimento das outras vai dando satisfação e força para continuar”.
Mas ninguém é tão espartano a vida toda. A sobra já é pouca, os planos são muitos e a vida não é só obrigação. “A gente vive numa cultura do prazer imediato. Não precisa abrir mão e não gastar mais em nada. Só é preciso estar no comando e ter organização. Guardou e sobrou tanto? Vai lá e gasta com prazer. Guardar dinheiro não tem graça nenhuma, o que tem é gastar”.
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