Nos anos 80 um dos mais famosos bordões de Abelardo Barbosa em seu Cassino do Chacrinha eram perguntas do tipo: “Quem sabe mais, o homem ou a mulher?” Que eram respondidas em coro pelo auditório majoritariamente feminino: “A mulheeeer!”
Não importava a pergunta, a resposta era sempre a mesma. Orgulhosas de seu gênero, as mulheres eram sempre melhores que os homens.
De lá para cá, a situação das brasileiras mudou muito. E para melhor. A começar pela educação. As mulheres com pelo menos 11 anos de estudo representam 61,2% do total das trabalhadoras, segundo dados do IBGE. Os homens na mesma situação são 53,2%. Embora estudem mais, ainda ganham menos que seus colegas, mas a diferença salarial entre os gêneros vem cedendo ano a ano. Hoje, o salário de uma profissional do sexo feminino corresponde a 71% do recebido por um homem em uma mesma função e não mais os 32% de 1993.
E no que gastam as mulheres? Roupas, bolsas e sapatos é a resposta óbvia, mas não a única. Pesquisa do instituto Sophia Mind mostra que a participação feminina nos gastos com alimentação familiar, por exemplo, é de 53%. No vestuário infantil a fatia é de 67,4% e na educação dos filhos, de 41%.
Como bancam boa parte das despesas da casa e dos desejos e necessidades de filhos, maridos e pais, quase não sobra para poupar. Segundo a pesquisa, a participação das mulheres no volume total de investimentos é de apenas 28,3%. O resultado não poderia ser pior, pois na velhice vem o desamparo.
Em sua pesquisa para o livro “Valor Feminino – desperte a riqueza que há em você”, a psicóloga Andréa Villas Boas descobriu que 67% dos idosos que vivem sozinhos são mulheres, e que três em cada quatro brasileiros pobres são do sexo feminino. E tem mais: quando se divorciam, veem o padrão de vida despencar 73%.
“Por ganharem menos, por se afastarem do trabalho por algum tempo após a maternidade e por, na maturidade, cuidarem de pais idosos, as aposentadorias femininas também são inferiores”, diz.
Andréa entrevistou 500 pessoas durante a preparação do livro e identificou interessantes diferenças entre os modos masculinos e femininos em relação ao dinheiro. Dos homens ouvidos, 23,2% tinham reservas suficientes para cobrir dois anos de despesas próprias e de seus dependentes. Já as mulheres na mesma condição eram 13,7%.
A triste constatação é que muitas mulheres, mesmo ganhando mais hoje do que nossas avós, negligenciam o cuidado com o dinheiro e quando param de trabalhar passam a depender de filhos ou parentes para sobreviver.
Para mudar este destino é preciso tomar as rédeas da vida financeira em busca da independência econômica, de preferência, bem antes da aposentadoria. Pois, além de viver mais, é preciso viver melhor.
Denise Juliani
(Texto publicado no Jornal da Tarde)
sábado, 14 de agosto de 2010
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